A formação acadêmica, experiência profissional e algumas certificações não são garantias de um bom gestor. Um estudo realizado pela Michael Page, um dos maiores players mundiais em recrutamento especializado, indica que 80% dos pedidos de demissões estão relacionados à gestão, e não a rotina do trabalho, ou seja, pessoas não deixam empresas, deixam gestores. Muitos gestores estão tão somente focados em gerir o negócio, que acabam esquecendo o básico, que negócios são feitos entre pessoas, não entre empresas.
Hoje, mais do que nunca, para que os negócios tenham sustentabilidade é necessário que as pessoas sejam a prioridade, é necessário estar perto, mesmo estando fisicamente longe. Para que isso seja possível, a comunicação precisa ser empática e o acompanhamento precisa ser constante, a relação líder e liderado precisa ser de proximidade, construída com transparência e comprometimento para que o resultado seja uma relação de confiança e não, uma relação autoritária baseada em comando e controle.
“Liderar” pelo cargo é muito fácil, porém, usar de autoridade para que as tarefas sejam executadas resulta em uma relação fria e de curto prazo, faz com que o liderado não se sinta engajado e colaborativo e sim, apenas um recurso usado para se obter um determinado resultado.
O desafio é liderar pelo exemplo, gerar confiança e engajamento. Líderes são desafiados diariamente a conquistar e manter a confiança de sua equipe. Confiança esta que não nasce de um dia para o outro, é necessário cultivar a cada interação. É essencial que o liderado confie no seu líder e que o reconheça como tal genuinamente.
O líder deve ter disponibilidade para seus liderados, o fácil acesso é fundamental para que o liderado sinta-se confortável em acionar o líder quando sentir necessidade. Não somente quando houver essa procura, mas, em toda interação, é preciso ter escuta ativa, demonstrar interesse verdadeiro, orientar de maneira acolhedora e demonstrar empatia, facilitando a conexão e não apenas a comunicação. A qualidade da conexão é determinada pela habilidade de falar e ouvir, portanto, a “escutatória” se faz tão importante para um líder quanto a habilidade de oratória.
“Gestão é a eficiência em subir a escada do sucesso; liderança determina se a escada está apoiada sobre a parede certa”. – Stephen R Covey
Um estudo realizado pela Harvard Business Review, apresentado no Neuroleadership Summit, revelou pesquisas e descobertas que explicam porque os líderes devem desenvolver a capacidade de construir vínculos e relacionamentos pessoais. Líderes que demonstram preocupação e interesse na vida de seus liderados, criam um vínculo saudável que fortalece a jornada do colaborador na companhia. Esse estudo demonstra que as mesmas regiões do cérebro que respondem à dor física também respondem à “dor social”, portanto, a ausência do sentimento de conexão com os outros cria dor. O estudo também revela que ter figuras de apoio presentes durante momentos críticos e de alto estresse nos ajuda a ficar mais relaxados, o que reforça que laços fortes podem ajudar as equipes a superarem mais facilmente os desafios e as situações de crise, como por exemplo, os temidos war-rooms.
Portanto, esteja mais próximo dos seus liderados, seja acessível, saiba ouvir, dialogar e manter ativa a conexão que os envolve. Isso só será possível com uma comunicação constante, mas que precisa ser transparente e verdadeira, afinal o interesse deve ser genuíno. Motive intrinsecamente e estimule os desafios, de feedbacks, seja flexível sempre que possível e abra mão do controle para promover a oportunidade de liderança e desenvolvimento, pois, o bom líder é o que possui a capacidade de formar outros líderes.
Por fim, seja corajoso para liderar com o coração e formar novas mentalidades.
Caso desejar aprofundar sobre o tema, recomendo a leitura do livro Liderar com o Coração, de Mike Krzyzewski.